Planeta Tecno

         É incrível como a tecnologia tomou conta da nossa vida, de forma que já nem imaginamos um mundo sem ela.

         Outro dia eu estava passeando com uma amiga, naquela futilidade de olhar vitrines e fingir querer comprar qualquer coisa, quando minha companheira se deu conta de que estava sem o celular.

         Santo Deus! Quê gritaria! Era como se, de repente, ela estivesse em plena Rua da Praia, na famigerada hora do “hush”, bem no centro da capital gaúcha, sem uma peça de roupa sobre o corpo,

         Tentando ajudar, argumentei que talvez ela tivesse esquecido o celular em casa ou em outro lugar, mas não adiantou, ela estava quase tendo um ataque cardíaco, mais do que depressa, se despediu e se enfiou dentro de um táxi, como se a casa dela estivesse pegando fogo.

         Fiquei ali parada. Santo! É só um celular...

         Daquele dia em diante comecei a observar as pessoas e as situações.

         Lá em casa, por exemplo: se o modem dá uma piscadinha e a Internet cai por uns míseros décimos de segundo, se um download não completa, se o computador pifa, então... meu filho entra em transe.        

         Outro dia tive a capacidade de telefonar para o técnico ás onze horas da noite de um sábado, implorando para ele me dar umas dicas pra fazer a máquina funcionar, mas não “funfou”, aí tive que fazer até chá de camomila pro guri se acalmar, se conformar em ficar off line por apenas algumas horas.

         Para exemplificar melhor, vou contar que, numa visita que fiz a uma prima, observei o pirralho dela de seis anos chegando do colégio. O guri largou a mochila, lavou as mãos, almoçou e cronometrou a agenda eletrônica, depois foi para o quarto. Notando a minha curiosidade, a prima sentenciou: ele descansa um pouco, depois se conecta a rede social da escola, para fazer atividades, participar do fórum e conversar com os e as coleguinhas no chat.

         Engoli em seco.  E me lembrei que no meu tempo de escola eu escrevia em papel pardo, usava lápis e borracha e pesquisava na Barsa da filha da vizinha, quando a mãe dela estava de bom humor.

         É, estamos na onda das TIcs, no mundo dos bytes e dos bits, MB, GB, Terabyte, FulllHD, Blu-ray, notes, palms, tem tanta sigla, que a gente até se confunde.

         Assim, quando vejo os estudantes dentro da sala de aula digital da escola em que trabalho, pesquisando, interagindo com as tecnologias de informação e comunicação, fico lembrando da minha professora Dona Semíramis, toda pomposa, entrando na sala de aula com um globo terrestre todo colorido na mão, dizendo: turma, hoje vamos ter uma aula diferente...

         Diferença, esta é a palavra.

         Agora mesmo, enquanto escrevo este texto, estou conectada ao curso de capacitação em EAD, faço uma leitura aqui, dou um pitaco no fórum ali, bisbilhoto nos Blogs dos colegas, acompanho os jogos da dupla Grenal pelo Terra e fico chuleando, nas notícias, o desfecho do “impeachment” do Tiririca, pode???

         Amanhã tenho que preparar uma aula, vai ser moleza, aciono os meus amigos do Hot Potatoes. Estas batatas são fantásticas, posso criar exercícios de correspondência de colunas, preenchimento de lacunas, palavras cruzadas, texto em lacunas, frases desordenadas e múltipla escolha, num piscar de olhos.

         Mas, se eu não estiver muito disposta, invento uma Wiki para que os meus alunos postem seus comentários sobre o assunto estudado.

         Agora, criatividade mesmo é fazer um trabalho em dupla sugerindo a criação de um Blog, no qual além de postar seus conhecimentos, a gurizada pode extrapolar na criatividade, depois ainda disponibilizo um fórum de discussão sobre tudo o que rolou nas provas e nas aulas, para movimentar a galera e reforçar os conteúdos.

         É, decididamente a tecnologia veio para facilitar a vida de muita gente, principalmente dos professores, que podem contar com ferramentas pedagógicas virtuais, tais como a WEBQUEST, que é uma atividade orientada para a aprendizagem com suporte a pesquisa em que algumas ou todas as informações disponíveis para interação são recursos provenientes da Internet, muito obrigado senhor Bernie Dodge.

         Puxa, ia esquecendo de citar os objetos de aprendizagem, que numa definição técnica: “um objeto da aprendizagem é uma parte digital do material da aprendizagem que se dirige a um tópico claramente identificável ou resultado da aprendizagem e se tem o potencial reutilização em contextos diferentes”, mas que numa linguagem mais simples, pode-se dizer que são uma “mão na roda”, para os professores, pois além de disponibilizarem conteúdos para as mais diversas áreas do conhecimento, ainda estão classificados e armazenados em repositórios, que podem ser acessados sem qualquer restrição.

         É, gente amiga, para finalizar vou contar um sonho que tive, sonhei que meu computador era uma máquina de escrever, daquelas bem antiga, que eu era secretária, que tinha de datilografar centenas de papéis e que já estava com tendinite de tanto batucar na dita cuja. Olha esta estória é de arrepiar e ia ficar ainda mais terrível sorte a minha, que acordei.

         Gente, não tenho vergonha de dizer que fui correndo abraçar e beijar o meu computador. Eta “micrinho” bom sô!